`A música veio pra unificar, porque eram músicas que falavam de amor`
`O Som da Motown`
Por Gabriela Watson
Foto: Carlos Patrício
São raras às vezes em que assistimos artistas negras protagonizando peças de teatro ou musicais. Hoje, mais que nunca é conhecida a importância da diversidade étnica de artistas para a valorização de todas as culturas, principalmente tratando-se do Brasil, um país em que quase metade da população é de origem negra, essa representatividade deve ocupar todas as esferas da sociedade.
Em `O Som da Motown`, cinco artistas cantam os clássicos da gravadora que lançou os principais cantores negros nos Estados Unidos, nas décadas de 60, 70 e 80. Simone Centurione, Francine Moraes, Ellen Wilson, Alcione Marques e Letícia Pedroza, interpretam com maestria os sucessos de Diana Ross, Jackson Five, Marvin Gaye, Stevie Wonder e Lionel Richie entre outros clássicos lançados pela Motown.
O musical que se divide em apresentações solos e em conjunto também apresenta pequenos vídeos que contextualizam a época, o destaque fica por conta do dueto feito entra a cantora Simone Centurione e o vídeo em que Michael Jackson aparece cantando a música `Ben`.
Os artistas daquela época buscavam a Motown pela falta de interesse de outras gravadoras, mas sua música superou as barreiras raciais tornando-se referências para pessoas e cantores negros e brancos, nas palavras de Cláudio Figueira: `A música veio pra unificar, porque eram músicas que falavam de amor`. Que venham mais espetáculos como esse que valorizam a cultura negra nacional e internacional. Acompanhe abaixo a entrevista com Cláudio Figueira, um dos diretores do musical.
PSS: Como surgiu a idéia de realizar o Musical?
Cláudio: O espetáculo é dirigido por mim e o Renato Vieira, uma de nossas atrizes a Simone Centurione, que já fez outros musicais comigo, deu a idéia, ela falou: `Adoro a cultura negra, cresci escutando Motown`, chegamos a conclusão que era um bom momento de fazer porque se comemoraram os 50 anos da gravadora Motown no ano passado, o espetáculo estreou no Rio de Janeiro em 2009. Foi assim que surgiu a idéia, para homenagear essa gravadora.
PSS: E quando foi isso, e quanto tempo levou até vocês conseguirem estrear?
Cláudio: Começamos a falar sobre isso em maio de 2008, em outubro de 2008 nós batemos o martelo que seria o projeto de 2009, e aí começar a fazer a pré-produção musical, conversar sobre o que iríamos fazer que é falar sobre o som da Motown, por isso o nome do espetáculo, queríamos falar sobre esse ritmo, o som dessa gravadora que marcou toda uma época, uma geração e marca até hoje pela qualidade musical. Então conversamos uns dois meses até chegarmos a estrutura que teria o espetáculo, e depois os testes para escolher as cantoras, e aí começamos o processo de ensaio que foram mais ou menos três ou quatro meses, e estreamos em junho do ano passado no teatro do Leblon no Rio de Janeiro.
PSS: E como vocês conseguiram captar recursos para produzir?
Cláudio: Nós utilizamos a Lei Rouanet, conseguimos captar através de um patrocinador, a gente nunca consegue todo o dinheiro, mas com esse patrocínio deu para montarmos o espetáculo, e como foi um sucesso, ele se manteve por conta própria, ao longo desse ano, já vai fazer um ano e dois meses que estamos em cartaz, entre Rio e São Paulo.
PSS: E qual foi o processo de escolha das cantoras?
Cláudio: Na verdade queríamos fazer com cinco mulheres, porque a Motown foi a primeira gravadora que lançou esses grupos de mulheres, chamados de girls groups, como `The Supremes`, que lançou a Diana Ross, `Martha Reeves & the Vandellas` e tantos outros. Portanto queríamos fazer essa homenagem colocando cinco mulheres. Cinqüenta músicas foram para homenagear os 50 anos da Gravadora. E queríamos trabalhar não só com negros, mas também com brancos, inclusive com a Simone, que é branca, foi quem deu a idéia e é uma excelente cantora. Então buscamos as cantoras de acordo com o timbre de cada uma, com características diferentes, que eles fossem diferentes e ao mesmo tempo pudessem estar homogêneas juntas e acho que conseguimos chegar a um resultado muito bacana.
PSS: E qual foi o processo para escolher as músicas?
Cláudio: Essa foi a parte mais dolorosa, na verdade quem fez a pré-seleção para o espetáculo foi a Carmen Figueira, em cima desta seleção de 300 músicas nós escolhemos 170, e depois 50, com muito sofrimento e muita dor, muita música maravilhosa ficou do lado de fora, até porque o espetáculo tem uma hora e vinte de duração, e tem medleys, cinqüenta músicas não podem ser inteiras. E o espetáculo é muito bem dividido porque nós temos solos, duos, trios, quartetos e quintetos, sempre com abertura de vozes para explorar o som e sempre com uma roupagem também nova.
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